Após 11 etapas de viagem e mais de 50 dias rodando a Europa, chegou a hora do relato da última parte do mochilão: o retorno à Espanha!
Depois de Paris, foi a vez de visitar o País Basco, com Bilbao e San Sebastián, seguir para Zaragoza e finalmente voltar para Madrid, onde a viagem começou…
Após uma viagem de cerca de 10 horas de busão (bastante confortável) a partir de Paris, a primeira parada dessa última etapa foi o País Basco, onde fiquei por 2 dias.
Para quem não conhece, o País Basco é uma região que abrange parte do norte da Espanha e o sudeste da França, tendo como principal cidade Bilbao. É bastante conhecida mundialmente pelo grupo terrorista ETA que atuava ali e que reivindicava a independência da região. Atualmente, porém, a situação está mais tranquila e os conflitos estão sendo discutidos sem violência, de forma mais política. Mesmo assim, ainda é possível perceber um grande sentimento separatista por parte das pessoas do local.
De qualquer maneira, é bastante impressionante conhecer a região devido a suas peculiaridades locais, bastante diversas de outras partes da Espanha. O principal exemplo disso é o idioma local, o Euskara. Totalmente diferente de todas as outra línguas europeias, o euskara é considerada a mais antiga língua viva da Europa e, apesar disso, ainda não há um consenso sobre a origem dela. O interessante é que mesmo com toda a dominação por outros povos, incluindo os romanos, e depois com a repressão feita pelo regime franquista, o idioma resistiu e existe até hoje.
Vamos então às atrações do País Basco:
San Sebastián
San Sebastián, conhecida também como Donostia em Euskara, é a terceira maior cidade do País Basco e uma das cidades mais turísticas da Espanha, sendo bastante visitada no verão devido à sua praia, a famosa Playa de la Concha. É uma cidade que sobrevive basicamente desse turismo de praia, não sendo uma cidade a ser visitada do ponto de vista mais histórico e cultural.
Praia: Com cerca de 1 km, essa é a principal praia da cidade e atrai bastante turistas. Pessoalmente, porém, tendo como base as praia de Ilhabela ou de Ilha Grande, esta não me pareceu muito atrativa. De qualquer forma, é uma das 12 Maravilhas da Espanha (nem sabia que existia essa lista…)

Playa de la Concha

Escultura “Peine del Viento”, que podem ser encontradas na praia
Monte Igueldo: para mim, de longe, foi a coisa que mais valeu a pena em Sanse. Com 181 metros de elevação acima do mar, este monte oferece uma vista espetacular da praia. Para subir, é possível pegar um funicular ou caminhar uns 20 minutos. Recomendo!

Vista a partir do Monte Igueldo
Depois de San Sebastian, onde só fiquei por um dia, peguei um ônibus e segui para Bilbao, numa rápida viagem de pouco mais de uma horinha.
Bilbao
Maior cidade do País Basco, com cerca de 350.000 habitantes, Bilbao foi durante os séculos 18 e 19 uma das cidades mais industriais da Espanha, com grandes indústrias metalúrgicas. Nas décadas passadas, porém, a cidade vem passando por um processo de remodelação e revitalização, sendo o Museu Guggenheim o principal símbolo dessa mudança. Do ponto de vista histórico, não há muito o que se ver também, em parte devido à Guerra Civil Espanhola, que destruiu a cidade. De qualquer maneira, é uma cidade com alguns pontos a serem visitados:
Museu Guggenheim: projetado pelo arquiteto Frank Gehry, esse moderno edifício teve sua construção finalizada em 1997. É considerado o símbolo da modernização da cidade e abriga obras contemporâneas. Mesmo não tendo achado as obras muito espetaculares, acredito que a visita ao museu é obrigatória, já que sua arquitetura é bastante impressionante… Minha dica é comprar o bilhete antecipado no site, para evitar eventuais filas, já que o museu recebe muitos turistas (o preço é bastante salgado, porém é algo que deve ser visitado quando se está na cidade).

Museu Guggenheim visto por fora

Simpática escultura Puppy, que se localiza na parte de fora do museu.
Orla do rio: além de se visitar o museu, outro passeio imperdível na cidade é uma caminhada pela orla do rio. É possível observar como a cidade vem mudando de forma super rápida, além de apreciar construções bastante modernistas.

Rio que passa pela cidade e suas construções modernas
Casco Viejo: além das áreas mais modernas de Bilbao, seu simpático centro também merece atenção. Uma caminhada por entre suas ruas é algo que vale a pena, quando já se está na cidade.

Uma das praças localizadas na parte mais antiga de Bilbao
Depois de um dia em Bilbao, segui para minha última cidade no mochilão, depois de longos 58 dias batendo perna pela Europa. Foi a vez de Zaragoza, uma cidade que me surpreendeu muito!
Zaragoza
Quinta maior cidade da Espanha, com aproximadamente 700.000 habitantes, Zaragoza é a capital da região de Aragón, que se localiza a nordeste de Madrid. É uma região bastante particular, que conta com uma influência tanto da Catalunha mais a leste, como também mais do centro-sul da Espanha, com alguns resquícios de civilizações mais antigas. Vamos às atrações:
Catedral-Basílica de Nossa Senhora do Pilar: é a igreja mais importante da cidade e é o maior templo barroco da Espanha. Possui pinturas de vários pintores importantes, incluindo Goya e possui esculturas belíssimas, com o altar do século XVI feito por Damián Forment.

Vista da Igreja de N. Senhora do Pilar, na beira do rio Ebro
Catedral de San Salvador: além da Basílica, Zaragoza também conta com esta outra grande igreja, bastante próxima desta primeira. Por fora, ela parece ser bastante interessante, porém a visita é paga (4 euros) e, como me recuso a pagar para entrar em igrejas, acabei não visitando-a.
Ruínas romanas: como grande parte das cidades europeias no Mediterrâneo, Zaragoza também foi uma colônia romana, sendo chamada de Cesaraugusta. Entre as coisas mais interessantes, destaque para as termas públicas, além de muralhas e do teatro. Infelizmente, fui à cidade numa segunda-feira, então não pude visitar esse pontos, já que estavam fechados.

Parte das ruínas romanas em Zaragoza
Mercado Central: inaugurado no começo dos anos 1900, o mercado central de Zaragoza é uma opção de passeio para se conhecer um pouco mais da culinária local, já que conta com alguns restaurantes. A sua arquitetura também é bastante interessante.

Entrada principal do mercado central de Zaragoza
Palácio Aljafería: Fortaleza-Palácio e a principal surpresa para mim, foi edificada a mando do rei Al-Muqtadir e data do século XI. Apenas vendo o exterior, não dá para se ter noção da riqueza que há no interior do palácio. Jardins, pátios e muitos arcos com detalhes bastante trabalhados dão uma ideia da época da dominação muçulmana na Península Ibérica. Após a “Reconquista” pelos católicos, o prédio serviu de residência dos reis de Aragão, de sede da Inquisição e atualmente parte dele é usada como sede do governo local. De longe, foi o local que mais curti entre essas 3 cidades. Vale muito a penas visitar!

Torres do Palácio

Jardins do Palácio, muito parecidos aos de Alhambra

Detalhes do interior
Visão geral
Após 59 dias viajando, visitar o norte da Espanha foi como um fechamento do mochilão. Pessoalmente, gostei muito mais de Zaragoza do que do País Basco pela questão cultural. Apesar de ter uma história interessante, tanto San Sebastián como Bilbao são cidades mais modernas, sem muito o que ver, além de novos edifícios, que também são impressionantes, como o Museu Guggenheim. Zaragoza, porém, possui uma mescla de culturas bem mais legais para mim, possuindo ruínas e monumentos de todos os seus períodos históricos.
De qualquer maneira, achei que valeu a pena visitar essas regiões da Espanha. Contando com essa parte da viagem, consegui visitar uma boa parte das cidades que eu tinha vontade, conhecendo 7 das 10 maiores cidades espanholas (além de Bilbao e Zaragoza, também pude visitar Madrid, Barcelona, Valencia, Sevilla e Málaga) e grande parte das comunidades autônomas do país.
A Espanha é um país incrível, que apresenta muitíssimas diferenças culturais, arquitetônicas e culinárias entre cada uma de suas regiões. É um país maravilhoso, que merece muito uma visita!
Acabou o mochilão… E agora?
Tendo finalmente finalizado o relato do mochilão, que realizei há exatamente dois anos, chegou a hora de dar um upgrade no blog, compartilhando também algumas experiências em países não-europeus e buscando uma maior frequência nas postagens. Pode não parecer, mas escrever um post completo, todo organizadinho, com dados históricos e culturais, não é uma das tarefas mais fáceis. Mas mesmo assim, como se diz na Espanha: “no pasa nada, tío!”
Pouco a pouco, vou tentando postar mais relatos e experiências das viagens que fiz e continuo fazendo (felizmente!)
No caso de dúvidas, críticas ou sugestões, só comentar que responderei com prazer! 🙂