Trier (em português Tréviris) é uma cidade alemã localizada no estado da Renânia-Palatinado. Fica bem próxima a Luxemburgo e não muito distante de conhecidas cidades, como Frankfurt e Stuttgart, estando a cerca de 200 km de cada uma destas.
Apesar de ser muito charmosa, com diversos pontos turísticos, Trier não está presente na maioria dos guias de viagem. Na Internet, a situação tampouco é muito diferente, com pouca informação sobre a cidade inclusive em blogs de viagem…
Para se ter uma ideia, Trier se localiza aqui:
História
Pessoalmente, eu nunca havia escutado falar de Trier antes de ir pra lá, e acredito que poucas pessoas conhecem a cidade de nome. Entretanto, foi surpreendente descobrir tudo o que a bela cidade tem a oferecer, principalmente no que se refere à sua rica história.
Fundada pelos celtas no séc IV a.C., Trier foi conquistada pelos romanos 300 anos depois e teve seu auge entre os séculos III e IV, quando sediou o governo do Império Romano e foi capital da Gallia Belgica, uma das províncias romanas. Nesta época, Trier chegou a ser uma das cidades mais populosas do seu tempo, alcançando a marca de 100.000 habitantes.
Após a mudança da sede do governo romano para outra cidade, Trier perdeu sua importância administrativa e o número de habitantes declinou bastante. Depois disso, a cidade também passou por mãos de diversos povos, tendo feito parte do Reino da Frância Ocidental na Idade Média, da França entre os séculos 17 e 18, e, finalmente, da Prússia (que viria a se tornar Alemanha posteriormente) a partir de 1815.
Atualmente, Trier é uma das maiores cidades do Estado da Renânia-Palatinado, com cerca de 105.000 habitantes e é muito conhecida por ser a terra natal de um dos maiores pensadores da história moderna: Karl Marx.
O que visitar
Devido à grande importância que Trier teve para o Império Romano, não é de se estranhar que a cidade ainda apresenta diversos edifícios desta época tão rica para o local. Além disso, a cidade também conta com igrejas interessantes da época medieval e com um museu na casa onde nasceu Marx. Vamos às atrações:
- Porta Nigra: cartão-postal de Trier, a Porta Nigra, em latim (ou Porta Negra, em português), data do século 3. Era parte do sistema de defesas da cidade, quando integrava a muralha que protegia a cidade. Seu nome (e sua cor) vêm do tipo de pedra utilizado em sua construção, que escureceu com o tempo. Possui 30 metros de altura e seu tamanho impressiona bastante. Nela, ainda é possível observar algumas inscrições em latim, se olhada cuidadosamente.
- Dom São Pedro e Igreja de Nossa Senhora: conectadas entre si, compõem o principal monumento religioso da cidade. A Catedral, bem maior em tamanho, teve sua construção iniciada no século IV e é considerada uma das igrejas mais antigas da Alemanha. A igreja, conhecida localmente como Liebfrauenkirche, data do século 13 e possui formato de cruz grega, se parecendo mais com uma capela. Possui diversos afrescos e belos vitrais.
- Karl Marx House: para mim, um dos melhores museus que visitei na vida. É a casa onde Karl Marx nasceu, em 1818. Possui uma maravilhosa exposição, que conta a vida de Marx desde pequeno até sua morte, discutindo suas ideias, suas publicações e seu legado. É uma visita que vale muito a pena, pois a exposição é muito bem montada e nos relembra da importância desse filósofo para o mundo.

Placa localizada na parte exterior do museu: “Nesta casa, nasceu em 5 de maio de 1818 Karl Marx”

Parte da ótima exposição permanente do museu
- Aula Palatina: também conhecida como Basílica de Constantino, esta construção é incrível! Com um vão livre de 67 m x 27 m, e altura de 30 metros, é muito difícil de acreditar que foi construída em 310. Apesar de ter sido praticamente destruída por bombardeios na Segunda Guerra (e depois restaurada), seu tamanho ainda impressiona. Atualmente, o local abriga uma igreja protestante. Vale a pena a visita.

Aula Palatina em Trier (Fonte: Pudelek (Marcin Szala))
- Anfiteatro romano e termas imperiais: como grande parte das cidades romanas, Trier conta com um belo anfiteatro e termas. Ambos monumentos estão bastante preservados e podem dar uma ideia de como era a cidade na época do Império Romano.
- Centro histórico: repleto de ruas somente para pedestres e belas praças, o centro de Trier é um passeio que vale a pena para desbravar a cidade. Há uma infinidade de cafés, padarias e restaurantes que podem proporcionar um gostinho da gastronomia local.

Centro de Trier
- Arredores da cidade: além da cidade em si, os arredores de Trier também valem a visita. Destaque para a região vinícola de Mosel, assim chamada por estar localizada próxima ao rio de mesmo nome. No outono, com as videiras amareladas e vermelhas, a paisagem fica ainda mais bonita e charmosa.

Região de Mosel: produtora de vinhos de ótima qualidade
Visão geral
Trier, para mim, foi uma grande e agradável surpresa. Não conhecia nada sobre a cidade e nem sequer havia escutado falar sobre ela. Suas heranças romanas e seu ótimo museu sobre Marx, porém, me fizeram adorar Trier. Seus arredores também são encantadores, com belíssima paisagens para aqueles que querem fugir um pouco das cidades.
No que toca à parte gastronômica, Trier também foi surpreendente, já que possui vinhos de ótima qualidade, além de uma boa cerveja local, facilmente encontrada em toda a região, a Bitburger. Gostei muito, também, da culinária local, que é influenciada pelas cozinhas alemã e francesa. Destaque para uma carne de caça que comi pela primeira vez na vida: carne de veado. Recomendo a experiência!

Carne de veado com cogumelos e Spätzle, uma massa germânica muito saborosa
E você? Já ouviu falar de Trier antes? Tem perguntas, sugestões ou dúvidas? Caso tenha, só comentar abaixo! 🙂