(Antes de começar o post, já peço desculpas por começar o texto com uma expressão totalmente clichê, mas admito que sempre quis escrever isso…)
Em tempos de coronavírus, muita coisa mudou (ou deveria ter mudado) em nossa rotina. Quarentena, confinamento, trabalho remoto, mais tempo com a família, menos tempo com os amigos, menos rolês e menos viagens foram alguns dos impactos que o vírus nos trouxe.
Com a aviação civil não foi diferente. Nesse post, vou contar como foi a viagem que realizei na semana passada, entre São Paulo e Frankfurt, durante a crise sanitária em que vivemos. Já adianto que foi bastante diferente.
O motivo
Antes de mais nada, acho válido esclarecer aqui o motivo da minha viagem, uma vez que viajei por motivos de estudos, já que vou começar meu mestrado na Europa em breve. Para aqueles que não sabem, desde que a situação se agravou na Europa, em meados de março, praticamente o turismo foi suspenso na região – tendo sido reaberto somente no começo de julho para umas 10 nacionalidades, não incluindo obviamente o Brasil devido à falta de controle da situação em nosso país…
Vale lembrar que, apesar de turistas brasileiros estarem proibidos de entrar na Europa, há alguns motivos que nos permitem entrar na zona europeia, sendo um deles o estudo. Para mais informações sobre a questão das regras válidas para ingresso, o site da UE é bastante informativo.
Check-in e embarque no aeroporto de Guarulhos
Por conta do coronga, já é de se imaginar que muitos voos foram suspensos ou cancelados, uma vez que freando a circulação de pessoas é possível frear a disseminação descontrolada do vírus. Isso não é novidade para ninguém.
Para mim, porém, foi assustadoramente bizarro observar o aeroporto de Guarulhos, o mais movimentado aeroporto da América do Sul, praticamente vazio. No estacionamento não havia praticamente nenhum carro, os guichês de check-in não tinham filas, o controle de segurança foi super rápido, muitas das lojas estavam fechadas e aquelas que estavam abertas contavam com poucos funcionários. Apesar de todas essas coisas de cair o queixo, o que mais me surpreendeu foi a quantidade de voos internacionais. Normalmente, são mais de 100 voos por dia. No dia em que peguei meu voo, havia apenas 5 (CINCO!!) voos internacionais, o que fazia com que o aeroporto parecesse aqueles cenários de filmes de apocalipse. Deixo aqui algumas fotos para se ter uma noção de como estava vazio.

Área onde estão os guichês de check-in: todos estavam muito vazios.

Área de embarque do aeroporto, parecendo filme de ficção científica.

Painel de voos, com apenas 5 voos programados para aquele dia. Realmente, bem bizarro.
No que se refere às medidas sanitárias, havia, por todos os cantos, placas e anúncios indicando as instruções a serem tomadas (o combo clássico de usar máscara o tempo todo + lavar mãos + manter distância da galera). Felizmente, todos estavam seguindo as instruções à risca, inclusive na hora do embarque, momento que geralmente desencadeia uma certa aglomeração de pessoas.
O voo
Após o embarque sem muitas aglomerações, chegava a hora de voar. Já sabia que as companhias aéreas haviam implementado algumas medidas sanitárias para controle do corona, mas não fazia ideia do que encontraria durante a viagem.
O voo em si foi bastante tranquilo e até que agradável. Para manter uma distância adequada entre as pessoas, a Lufthansa definiu como padrão deixar sempre um assento vazio entre cada passageiro. Além disso, durante todo o voo, é obrigatório o uso de máscara (com exceção do momento das refeições), o que foi um pouco incômodo, já que dormir de máscara não é uma das melhores coisas do mundo. O serviço deles também mudou um pouquinho, sendo mais rápido e simples, sem aquele carrinho do free shop que geralmente passa e com menos opções de comida – mas nada que comprometesse a qualidade do serviço oferecido.

Usar a máscara durante todo o voo incomoda bastante, mas 12 horas até que passam rápido.
Ao chegar em Frankfurt, gostei bastante da maneira como se organizou o desembarque. Foi realizado por fileiras, para evitar aglomeração, o que é bastante lógico. Acredito que isso poderia ser implementado depois da pandemia também, já que sempre tem aquela galera com pressa que levanta assim que o avião pousa, e que acaba incomodando todo mundo.
Uma dica para voar durante a pandemia é levar álcool em gel (frasco de no máximo 100 mL), de modo a limpar a mão sempre que tocar em alguma superfície – pelo menos é isso que eu faço, já que estou bem noiado/preocupado com o corona.
Chegada em Frankfurt
Pessoalmente, estava com bastante medo da chegada. Tinha lido várias coisas diferentes na Internet nos últimos dias e devo admitir que estava com um leve medo de entrar na Alemanha ou de não ser admitido. Não sabia se o teste do corona era obrigatório, se iam me mandar fazer quarentena em algum lugar, se eu teria que pagar algo extra ou mesmo se eles iam me mandar de volta pro Brasil.
Chegando lá, porém, foi beeeeem mais sussa do que eu imaginava. Teoricamente, todos que chegam na Alemanha de países de alto risco como o Brasil (valeu Bolsonaro!), devem fazer o teste do corona obrigatoriamente. Em vários aeroportos, inclusive, desde o começo de agosto, foram montados estandes para realização do teste, sem custos para os passageiros.
Apesar dessa teórica obrigatoriedade, em nenhum momento fui obrigado ou mesmo orientado a fazer o teste. Após passar pela imigração e pegar a mala, eu tinha um tempinho até pegar meu trem, então resolvi ir fazer o teste (mochileiro tem que aproveitar coisas de graça, né?). Preenchi uma inscrição bem curtinha, respondi um questionário e logo depois já estava na fila para fazer o teste. Após 5 minutos na fila, a médica coletou minha saliva (o que deve ter durado uns 10 segundos) e depois já estava liberado para seguir viagem.
Foi super simples e rápido, então recomendo àqueles que chegam pela Alemanha ou por outros países que oferecem esse serviço que também o façam. O resultado é enviado por email pelo laboratório e chega bem rápido – no meu caso, chegou cerca de 15 horas após o teste. Felizmente, o resultado deu negativo, o que já me deixou mais tranquilo aqui na Europa 🙂

Esse é o documento que enviam por email, que vem com o resultado do teste. No meu caso, os vários meses de quarentena em SP valeram a pena…
Visão geral
Após chegar e me instalar, percebi que minhas expectativas e preocupações em relação à viagem estavam muito altas, principalmente por conta do desencontro de informações. Por isso, eu sugeriria que, antes de viajar, pesquise bem para saber dos requisitos do país onde se vai entrar, para evitar dores de cabeça desnecessárias. Ligar tanto para a cia aérea, como para o aeroporto de chegada podem ser opções interessantes para obter informações sobre o procedimento que tá sendo realizado no momento.
Independente do procedimento, o mais importante de tudo é sempre se cuidar, tanto antes como durante o voo, mantendo o distanciamento social quando possível e higienizando bem as mãos. Caso você viaje em breve durante a pandemia, desejo um ótimo voo (com máscara) e uma boa viagem!
Caso tenhas dúvidas ou sugestões, pode deixar um comentário aqui embaixo.
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