Apesar de ser menor em área do que o estado do Maranhão, a Itália é um país cujas regiões são muito distintas entre si. Cada uma tem sua peculiaridade, suas tradições e sua cultura. Por conta disso, quando estive na Itália, busquei explorar também, além da Puglia, da Campania, da Lazio e da Toscana, Emilia-Romagna e Liguria, a região mais ao norte do país, denominada Trentino-Alto Ádige.
Na viagem que fiz à região, fiquei apenas 4 dias por lá, mas já deu para ter uma noção da cultura e das belezas naturais que a área oferece. Deixo aqui o mapa, só para ilustrar os locais visitados:
Contando com pouco mais de 1 milhão de habitantes, a região autônoma Trentino-Alto Adige é composta por duas províncias: Trento, mais ao sul, e Bolzano, ao norte, que faz fronteira com a Áustria. Por conta dessa proximidade com o país germânico, é interessante de notar que o alemão é também reconhecido como língua oficial da região, juntamente com o italiano. Vale lembrar que a área pertencia ao Império Austro-Húngaro até o final da Primeira Guerra Mundial, quando passou ao domínio italiano.
A região, bastante montanhosa, é bastante conhecida por abrigar as Dolomitas, uma parte dos Alpes que atrai muitos turistas em busca de caminhadas, hikings e alpinismo, no verão, e de resorts de esqui, no inverno. A paisagem é maravilhosa e há uma grande variedade de montanhas para explorar na região. Outras atrações da área são as cidades italianas de Bolzano (ou Bozen, em alemão) e Trento, que mais parecem cidades austríacas. Pouco se assemelham a cidades italianas, seja pela arquitetura ou pelo idioma das placas. Por conta dessa cultura mais germânica, há, principalmente em áreas próximas a Bolzano, mercados de natal durante o inverno, locais perfeitos para se tomar um ponche ou chocolate quente.

Ônibus na cidade de Bolzano. Nessa cidade italiana, o alemão também é um idioma oficial.
Na viagem que fiz, estive por um dia em Bolzano, importante cidade da região de língua alemã, e depois segui para o sul, com destino à cidadezinha de Dardine, que fica na região de Trento. Tendo este local como base, visitei algumas atrações naturais e outras históricas do Val di Non. Assim, vamos ao roteiro dos dias em que estive por lá.
Bolzano
Localizada a pouco mais de 80 km da fronteira com a Áustria, Bolzano é cercada pelas belíssimas e imponentes montanhas alpinas por todos os cantos, sendo uma cidade que se parece muito com cidades do interior da Áustria. Apesar de não ser uma cidade muito incluída no roteiro de turistas que vão à Itália, é um local que atrai muitos visitantes (em sua maioria italianos), principalmente no inverno.
A cidade em si não é muito grande e não possui tantos atrativos, mas um passeio pelas ruazinhas do centro histórico é muito agradável e vale a pena. Bem pertinho da praça principal de Bolzano (Piazza Walther/Waterplatz), está localizada a catedral da cidade, o Duomo. Igreja mais importante de Bolzano, tem origens no século 4 d.C., quando foi erguida uma igreja paleo-romana no local. A aparência gótica atual vem de modificações realizadas no século XVI.

Catedral de Bolzano, no norte da Itália.
Outro ponto turístico bastante conhecida da cidade é o Museu Arqueológico de Bolzano, que abriga a múmia de Ötzi, o homem do gelo. Descoberto por acaso por um casal de alpinistas em 1991, o homem teria vivido há 5300 anos nas montanhas da região. Além destes locais que ficam no centro da cidade, há também atrações em seus arredores, como castelos e lagos, além de muitas montanhas, acessíveis a partir de teleférico. Como não fiquei muito tempo em Bolzano, restringi a visita a seu centro centro histórico.

Centro histórico de Bolzano, Itália. Suas construções remetem ao estilo tirolês, bastante comum no interior da Áustria e na Baviera.
Em relação à gastronomia local, visitei um restaurante que gostei muito, chamado Osteria dai Carrettai. Os donos desse bar tiveram uma ideia sensacional: vender pães com algum tipo de acompanhamento (presunto cru, queijos, nozes, cogumelos, etc) como se fossem tapas, por apenas 1 euro cada. Para beber, há copinhos de vinho regional que saem também por 1 euro. É um lugar pequeno e muito autêntico, que me surpreendeu muito. Recomendo para aqueles que estiverem pela cidade. (E provem o pão com gorgonzola e nozes, que é maravilhoso).

Quitutes no restaurante Osteria dai Carrettai, em Bolzano. Essas tapas são uma ótima pedida na cidade.
Val di Non
Depois de uma tarde em Bolzano, segui para um vilarejo chamado Dardine, onde fiquei por uns 3 dias e utilizei como base para explorar as belezas do Val di Non. Pertencente à província de Trento, esse vale está localizado ao norte de Trento e tem como carro-chefe de sua economia a produção de maçã, cujas plantações podem ser vistas por toda parte. Graças à sua topografia, que tem altitudes variando de 268 a 2999 metros, a paisagem que oferece aos visitantes é de tirar o fôlego, sempre com montanhas ao fundo. Além de montanhas, o Val di Non também tem lagos, rios e castelos, sendo uma ótima pedida como destino de férias (tanto de verão como de inverno).

Plantação de maçã no Val di Non, Itália, com as Dolomitas ao fundo.
Quando visitei a área, era inverno, mas as temperaturas estavam bastante agradáveis durante o dia e fazia sol. À noite, esfriava um pouquinho, mas não passava de 0°C, o que era bastante tranquilo dentro do Airbnb (já que tinha aquecedor – assim como quase todas as casa italianas).
Nos dois dias inteiros em que fiquei em Dardine, busquei conhecer um pouco de tudo que a região oferece. Vamos então a alguns pontos de interesse que há neste belo vale.
Castel Thun e arredores
A pouco mais de 10 km de Dardine, no município de Ton, está o Castel Thun, que explorei no primeiro dia em que estive por lá. Não muito turístico, esse castelo está localizado num belíssimo local, compondo uma paisagem que tem altas montanhas ao fundo, além das plantações de maçã à sua volta. Construído inicialmente em 1267, o Castelo pertenceu à família Thun e passou por diversas reformas ao longo do tempo. Adquirido em 1992 pelo governo de Trento, o local foi totalmente restaurado e hoje é aberto ao público como um belo museu. Dentro, é possível ter uma noção de como era fácil a vida dos membros dessa família nobre nos séculos passados.

Vista sensacional a partir do Castel Thun, localizado próximo a Trento, no norte da Itália.

Entrada do Castel Thun, localizado próximo a Trento, no norte da Itália.
O que mais me impressionou ao visitar o castelo foi a vista que ele oferece. Como está numa colina, um pouco mais alto do que as cidadezinhas ao redor, a vista que se tem lá de cima é espetacular. Ficar desfrutando da paisagem é certamente a maior atração que se tem ali. O caminho até o castelo também foi uma atração à parte. Há diversas estradinhas estreitas que conectam os vilarejos do vale, e uma dessas conecta Dardine a Ton, passando por plantações de maçã, riachos e alguns vales muito bonitos.

Desfrutando de um strudel no caminho sob a sombra de macieiras e com belíssimas montanhas ao fundo.
Lagos Coredo e Tavon
No segundo dia, já que gosto muito de lagos, tentei explorar algum na região. Há alguns bastante famosos, como o Lago di Tovel, um lago alpino natural, cujo acesso se dá somente por carros – mas que estava fechado quando estive lá. Por conta disso, acabei visitando os Lagos Coredo e Tavon, que ficam um pouco mais ao norte de Dardine, em Palù. Os lagos, que ficam um ao lado outro contam com uma relativa infraestrutura ao redor, com locais para prática de esportes, além de restaurantes. Apesar de não serem exatamente o que eu estava buscando (o lago de Coredo é artificial), a paisagem dos Alpes ao redor dos lagos é imperdível. É um lugar muito especial para se observar as montanhas cobertas de neve, com as florestas abaixo e o espelho d’água congelado bem à frente. Valeu muito a pena.

Lago de Coredo, no norte da Itália, com as belas Dolomitas ao fundo.
O caminho entre Dardine e Palù pode ser feito de trem ou à pé. Apesar de distar uns 15 km entre si, o caminho novamente é muito encantador: além das montanhas ao redor, passa-se por plantações de maçã, florestas e castelos. Sem dúvidas, a paisagem da região é muito especial.

Castel Bragher, um dos vários castelos da região. Construído no século XII, está localizado em meio a uma bela floresta. Infelizmente, porém, não é possível visitá-lo.
Visão geral
Apesar de ter ficado pouquíssimo tempo na região de Trentino-Alto Ádige, realmente gostei muito do que visitei e presenciei. Parece realmente outro país, sendo totalmente diferente de todos os locais que havia visto na Itália até então. Sem dúvidas, para aqueles que gostam de paisagens naturais, como eu, é um lugar encantador que merece ser explorado. Por conta disso (e do pouco tempo que tive para ver a região), gostaria muito de voltar, desta vez fora do inverno, para fazer trilhas e subir algumas de suas belas montanhas. Mais uma vez, devo admitir que fiquei com gostinho de quero mais…
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